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Othaniel Alcântara
Othaniel Alcântara

Othaniel Alcântara é professor de Música da Universidade Federal de Goiás (UFG) e pesquisador integrado ao CESEM (Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical), vinculado à Universidade Nova de Lisboa. othaniel.alcantara@gmail.com / othaniel.alcantara@gmail.com

MÚSICA CLÁSSICA

O que é uma orquestra?

| 14.03.19 - 18:07 Othaniel Alcântara Jr.

A palavra orquestra é usada atualmente, de forma genérica, para designar um conjunto instrumental que, independentemente do seu tamanho e tipo de instrumentos usados, executa uma peça musical ou acompanha um cantor em apresentações artísticas. Particularmente no universo da música “de concerto”, expressão que costumeiramente é substituída por música “clássica” ou música “erudita”, são bastante conhecidas as orquestras de cordas¹, as de câmara² e também a maior delas, a sinfônica (ou filarmônica³).


Grécia
 
É certo que a estrutura da orquestra sinfônica/filarmônica, por exemplo, não surgiu com as características atuais. Aliás, o próprio substantivo “orquestra”, em sua origem no vocábulo grego orkestra (ορχ?στρα), não se referia a um conjunto musical como organização, mas sim, a um espaço físico. De acordo com o Grove Dictionary of Music and Musicians, nas famosas representações teatrais gregas do século V a. C., o termo orkestra significava “lugar para dançar”. Tratava-se, mais especificamente, de uma área circular (ou semicircular) localizada próxima à plateia. Esse local era destinado aos cantores e dançarinos integrantes do coro (SADIE, 1980). Salienta-se que a performance destes dois corpos artísticos era sempre acompanhada por instrumentos musicais como tambores, flautas, cítaras e aulos (MEDAGLIA, 2008, pp.16-17).

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1) Orquestra de tamanho reduzido formada, exclusivamente, por instrumentos de cordas e arco integrantes da “família do violino”. São eles: os violinos (separados em dois grupos, os primeiros e os segundos), as violas, os violoncelos e contrabaixos. (DOURADO, 2008, p. 239).
 
2) Orquestra reduzida de formações variadas, podendo ser apenas uma orquestra de cordas (família do violino) ou a seção de cordas com alguns sopros. Nesse caso, são acrescentados instrumentos tais como, flautas, oboés, clarinetas, fagotes, trompetes e trompas, geralmente aos pares. (DOURADO, 2008, p. 239).
 
3) No passado, houve o entendimento de que uma orquestra sinfônica era composta por músicos remunerados, enquanto a orquestra filarmônica era formada unicamente por músicos amadores. Também já houve, e ainda há, a compreensão de que a diferença entre tais orquestras está na maneira como são mantidas. A primeira seria mantida, então, pelo poder público, enquanto a segunda, pela iniciativa privada. Esta definição justifica-se pelo fato de que, no início do Século XIX, comerciantes de algumas cidades da Europa organizavam sociedades culturais que mantinham orquestras. Atualmente, não existem diferenças entre essas orquestras, exceto com relação ao nome. Na prática, parte das filarmônicas de hoje não sobreviveriam sem financiamento público. Ambas orquestras - sinfônicas e filarmônicas - possuem uma estrutura definida: naipe das cordas, naipe das madeiras, naipe dos metais etc. Sua formação pode comportar entre 60 e 120 músicos. (SAMPAIO, 2000, p. 11).
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(Foto: Falando de artes)

 
Itália

Mais adiante, Roma, ao transformar a Grécia em uma de suas províncias - em 146 a. C. - acabou por assimilar parte da cultura daquela região (GROUT; PALISCA, 2001, p. 33). Assim, o vocábulo grego orkestra passou a ser conhecido em latim como orchestra. Porém, curiosamente, essa palavra, por algum tempo, deixou de se referir ao local do coro, visto ter este desaparecido no teatro romano, passando, então, a indicar o local reservado aos assentos das autoridades e altos dignitários romanos, tais como governantes, cavaleiros, magistrados e senadores (SANTOS, 2016, p. 2).

Tempos mais tarde, a expressão grega orkestra, por meio de seu cognato italiano orchestra, seria revivida pelos humanistas renascentistas que, a partir dos últimos anos do século XVI, tentariam reconstituir o teatro grego clássico. Inicialmente, nesse cenário de experiências com a música dramática, do qual emergiram as primeiras óperas4 italianas, os pequenos conjuntos instrumentais permaneceriam próximos aos cantores no palco, ou mesmo em uma sacada ou, ainda, nos bastidores das primitivas casas de espetáculos. 

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4) Obra musical dramática em que alguns ou todos os papéis são cantados pelos atores. Trata-se de uma união de música, drama e espetáculo com a música, normalmente desempenhando a principal função (SADIE, 1980, p. 459). É importante dizer que, embora as primeiras peças do gênero ao qual hoje damos o nome de “ópera” datem apenas dos últimos anos no século XVI, a ligação entre música e teatro foi bastante usual desde a Antiguidade. São os casos de algumas partes musicadas nas tragédias e comédias gregas ou nos dramas litúrgicos medievais (GROUT; PALISCA, 2001, p. 316). Em relação às obras dramáticas cantadas no final do século XVI e início dos anos Seiscentos, inspiradas no modelo da Grécia Antiga, Roland de Candé prefere utilizar a palavra “melodrama”. Para esse autor, a palavra “ópera” evoca, de uma forma bem particular, o teatro lírico - gênero mais musical do que dramático - que se caracteriza pela sucessão de recitativos, árias e coros (CANDÉ, 2001, p. 424).
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Como exemplo desse último caso podemos citar a estreia da obra Euridice, composta pelos italianos Jacopo Peri (1561-1633) e Giulio Caccini (1551-1618), por ocasião das comemorações oficiais do matrimônio entre Henrique IV da França e Maria de Médici, em Florença, no mês de outubro de 1600. Para a apresentação desse melodrama5, - o primeiro que chegou inteiro até nós - os quatro músicos responsáveis pelo acompanhamento musical (cravo, lira, alaúde e teorba) ficaram escondidos atrás das cortinas (DIAS; JANK, 2016, p.159).

Em algum momento, durante as primeiras décadas do século XVII, os produtores de óperas optaram por colocar o conjunto instrumental no proscênio, ou seja, entre o palco e a plateia. Como consequência disso, ainda no decorrer dos anos Seiscentos, o proscênio passou a ser chamado também de “orquestra”, um neologismo adotado, posteriormente, por outras línguas europeias (fr. orchestre; al. orchester; ing. orchestra). É pertinente destacar que a historiografia musical não foi capaz, até o momento, de oferecer dados mais precisos acerca da cronologia referente ao processo histórico acima mencionado. Da mesma forma, devido ainda à falta de comprovações, não é possível determinar quando, exatamente, o termo “orquestra” passou a designar um corpo de instrumentistas. 
 
Nesta trilha, Tim Carter e Erik Levi, autores do Capítulo intitulado The history of the orchestra, parte integrante do livro The Cambridge Companion to the Orchestra, editado por Colin Lawson especulam que a utilização do termo “orquestra” no sentido de um conjunto musical e não como o espaço onde os instrumentistas tocavam já era comum na década de 1670, tanto na França quanto na Itália (CARTER; LEVI, 2005, p. 05). 

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5) O termo “melodrama” é muitas vezes utilizado como sinônimo de “ópera”. Sua origem remonta à Grécia Antiga, quando os espetáculos teatrais apresentavam linhas declamadas acompanhadas ou intercaladas por música (SADIE, 1980, p. 593). Roland de Candé utiliza a palavra para designar, no sentido mais lato, as obras dramáticas cantadas e cita a peça Dafne (1594), musicada por Jacopo Peri (1561-1633), como sendo, provavelmente, o primeiro exemplar de melodrama inteiramente cantado. Esse novo gênero de espetáculo característico do final da Renascença surgiu a partir das experiências musicais realizadas sob a influência dos intelectuais humanistas florentinos. Porém, na opinião desse autor, tanto esse novo gênero quanto os primeiros masques ingleses ou os intermédios florentinos, bem como qualquer outro tipo de espetáculo renascentista que junta música e teatro, não podem ser considerados óperas primitivas (CANDÉ, 2001, pp. 424-426).
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Porém, os musicólogos John Spitzer e Neal Zaslaw, após analisarem uma significativa quantidade de fontes documentais visando à elaboração da obra The birth of the orchestra: history of an institution, 1650-1815, atestam que somente encontraram evidências de que a palavra orquestra havia assumido um novo sentido em arquivos datados do início do século XVIII. Entre esses arquivos encontra-se um memorando datado de 1702, no qual um violinista-compositor da Igreja de Santa Maggiore em Bergamo faz referência a despesas provenientes da compra de papel e feitura de cópia de sua música para “tutti li virtuosi della Sacra Orchestra”. Na interpretação desses pesquisadores, a palavra orchestra assume aí o seu novo sentido, ou seja, o de um conjunto instrumental considerado como uma unidade única, distinto dos "virtuosi", quer dizer, dos instrumentistas individuais (SPITZER; ZASLAW, 2004, pp. 16-17).  
 
Vale esclarecer, ainda, que até a difusão da palavra “orquestra” pela Europa, esses pequenos grupos musicais receberam diversos outros nomes, tais como: consort ou band em inglês; concerto ou gli stromenti em italiano; kapelle ou symphonie em Alemão; e les concertants, les instruments em francês.
 
Mas, quando surgiu um tipo de orquestra com a configuração instrumental próxima daquela que conhecemos atualmente? Será exatamente este o assunto do próximo texto.

 
Exemplo de orquestra moderna (Foto: Jogos e brincadeiras)




Leia na sequência:
 
Leia também:

Conjuntos pré-orquestrais (postado em 22/3/2019)
 
A “Orquestra” de Monteverdi (postado em 4/4/2019)

Os 24 Violinos do Rei (postado em 20/4/2019)

Les Petits Violons (postado em 16/9/2019)

La Grande Écurie (postado em 2/10/2019)

A música na corte do "Rei-Sol" (postado em 3/10/2019)

Lully e o "cajado" da morte (postado em 18/9/2019)

A família francesa do violino (postado em 9/3/2020).

A batuta (postado em 23/5/2019) 



Documentos consultados:
 
CANDÉ, Roland De. História universal da música. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 
 
CARTER, Tim; LEVI, Erik. The history of the orchestra. In: LAWSON, Colin (Ed.). The Cambridge Companion to the Orchestra. 2. ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2005. p. 313. 
 
DIAS, Gustavo Angelo; JANK, Helena. A formulação da Favola in musica de Jacopo Peri: uma tradução e estudo do prefácio de Euridice (1600). Revista Música Hodie, Goiânia, p. 149–164, 2016. 
 
DOURADO, Henrique Autran. Dobrar. In: Dicionário de termos e expressões da música. São Paulo: Editora 34, 2008. 
 
GROUT, Donald J.; PALISCA, Claude V. História da música ocidental. 2. ed. Lisboa: Gradiva, 2001. 
 
KOBBÉ, Gustave. Kobbé: o livro completo da ópera. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997.
 
LAWSON, Colin. The Cambridge companion to the orchestra. [s.l: s.n.]. 
 
MARTINELLI, Leonardo. Superorquestras. Revista Concerto - Gramophone: guia mensal de música clássica, São Paulo, p. 26–28, 2013. 
 
MEDAGLIA, Júlio. Música, Maestro!: do canto gregoriano ao sintetizador. São Paulo: Globo, 2008. 
 
SADIE, Stanley. Orchestra. In: The New Grove Dictionary of Music and Musicians, v. 1-20. New York: Grove´s Dictionaries of music Inc., 1980. 
 
SAMPAIO, Luiz Paulo. A orquestra sinfônica: sua história e seus instrumentos. Rio de Janeiro: GMT Editores, 2000. 
 
SANTOS, Maria do Rosário Laureano. O Teatro Romano. In: CICLO DE CONFERÊNCIAS SOBRE OS TESTEMUNHOS ROMANOS EM PORTUGAL 2016, Lisboa. Anais... Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa, 2016.
 
SPITZER, John; ZASLAW, Neal. The birth of the orchestra: history of an institution, 1650-1815. New York: Oxford University Press Inc., 2004. 
 
STANLEY, John. Música Clássica: os grandes compositores e as suas obra-primas. Lisboa: Editorial Estampa, 2006. 
 

Comentários

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  • 09.10.2025 16:13 Natalie Coelho

    Achei o texto bem interessante e cheio de detalhes históricos que a gente nem imagina quando ouve a palavra “orquestra”. É curioso ver que, originalmente, ela nem se referia a um grupo de músicos, mas a um espaço físico para dançar ou para o coro no teatro grego. Também achei legal acompanhar como o termo e a própria ideia de orquestra foram mudando ao longo do tempo, passando pela Roma antiga, pelo Renascimento italiano e chegando ao século XVII, quando começou a ser usado para designar de fato um conjunto de músicos. Outro ponto que chamou minha atenção foi como a estrutura das orquestras evoluiu junto com a música: de pequenos conjuntos escondidos atrás das cortinas das primeiras óperas, até o proscênio, que depois passou a se chamar “orquestra” como conhecemos hoje. E é interessante perceber que, apesar de tanta evolução, ainda há debates e incertezas sobre exatamente quando e como o termo passou a designar o grupo de instrumentistas, mostrando que a história da música é cheia de detalhes e descobertas fascinantes.

  • 09.10.2025 15:13 Elisa Fernanda Silva

    O texto apresenta de forma muito interessante a origem e a transformação da palavra “orquestra” ao longo da história. No começo, o termo não se referia a um grupo de músicos, mas sim a um espaço físico o “lugar para dançar” nas apresentações teatrais da Grécia Antiga. Com o tempo, o significado foi mudando, passando por diferentes usos em Roma e na Itália renascentista, até chegar ao sentido atual que conhecemos: um conjunto de instrumentistas que tocam juntos. É interessante ver como o texto combina informações históricas, culturais e musicais, mostrando que a idéia de orquestra foi sendo construída aos poucos, acompanhando a evolução do teatro e da música européia. A explicação sobre o surgimento da ópera e o papel dos pequenos conjuntos musicais nesse processo ajuda a entender como a “orquestra” passou a ocupar um lugar fixo entre o palco e o público. O texto também chama atenção por mostrar que o termo “orquestra” só ganhou o sentido moderno por volta do século XVIII, quando passou a representar um grupo instrumental organizado. Essa transformação mostra como a arte e a linguagem caminha junta na história. Em resumo, é um texto rico e bem explicado, que nos ajuda a compreender que a orquestra, como conhecemos hoje, é resultado de séculos de mudanças culturais e musicais.

  • 09.10.2025 12:19 Giuliana Araújo Civardi

    De forma instrutiva, o artigo traz uma explicação sucinta e de fácil entendimento, para aqueles que não tem tanto letramento musical, ao mesmo tempo que traz algumas curiosidades interessantes para pessoas que tem algum conhecimento musical. Muito interessante, num geral, principalmente por trazer esse contexto histórico de uma formação musical tão importante para a humanidade.

  • 09.10.2025 09:27 Pedro Augusto Alves Moura

    Uma leitura muito boa e interessante a cerca da palavra orquestra e seu significado mutável durante a história ocidental. Podemos acompanhar de forma leve como a palavra faria referência a um local, posteriormente a um local reservado aos nobres e até a noção da atualidade, fazendo referência a um conjunto instrumental, por mais que não seja possível dizer certamente quando foi essa virada de chave em significado. Além disso, o texto trás definições como a orquestra de corda e orquestra de câmara mostrando as diferenças modernas entre a composição de instrumentos e a quantidade/variedade desses para uma diferente peça, e evidenciando também diferentes tipos de obras como a obra musical dramática e o melodrama, está parte me fez abrir a mente para diferentes composições e perceber como é possível contar uma história, por vezes subjetiva, a partir das linguagem musical.

  • 26.09.2025 20:30 Karina Guedes

    A orquestra, uma forma musical antiga que ainda perpetua na atualidade, é muito bem estruturada. Nessa matéria, esclarece de forma bem clara o desenvolvimento da orquestra até os dias atuais, passando do Renascimento até a modernidade. Assim, estimulando uma reflexão sobre como as mudanças linguísticas e culturais acompanham a própria evolução da música.

  • 25.09.2025 20:38 Mariana Velozo Sucari Do Nascimento

    Hoje, quando pensamos em orquestra, logo imaginamos aquele grande conjunto de músicos, como as famosas orquestras sinfônicas ou filarmônicas, tocando peças complexas ou acompanhando cantores. Mas a história dessa palavra e da própria formação musical é muito mais antiga e cheia de reviravoltas. Acredite ou não, na Grécia Antiga, a palavra orkestra (por volta do século V a.C.) não tinha nada a ver com músicos! Era, na verdade, um espaço físico. Pense nela como uma área circular bem em frente ao público nos teatros, reservada para o coro— aqueles cantores e dançarinos que se apresentavam ao som de flautas e cítaras. A palavra, então, viajou. Com o crescimento do Império Romano, o termo latino (orchestra) perdeu sua ligação musical e passou a ser o nome da área reservada às autoridades nos teatros romanos. A música ficaria "no escuro" por um tempo. A história da orquestra volta a esquentar no final do século XVI. Os humanistas do Renascimento, fascinados pela cultura clássica, tentaram recriar o teatro grego. Foi nesse contexto que surgiram as primeiras óperas italianas. Como a ópera precisava de acompanhamento musical, pequenos grupos de instrumentistas ficavam perto do palco ou escondidos nos bastidores. Com o tempo, esses conjuntos foram se movendo para a frente, naquele espaço entre o palco e a plateia (o proscênio). Foi aí que a palavra “orquestra” se expandiu, passando a designar não só o local, mas o conjunto de músicos que ali se apresentava. A partir do século XVII, o uso da palavra “orquestra” no sentido que conhecemos hoje se popularizou. Por volta de 1670, o termo já era usado na França e na Itália para se referir a grupos musicais. Essa mudança foi oficializada no início do século XVIII, quando documentos formais (como um memorando de 1702 na Itália) começaram a usar termos como a "Sacra Orchestra" para falar de um corpo coletivo de músicos, ou seja, um time, e não mais um bando de instrumentistas individuais. Com isso, a palavra se estabeleceu, embora outros termos tenham existido paralelamente na Europa, como consort ou band (inglês) e concerto (italiano). Historicamente, existiam pequenas diferenças na forma como eram financiadas ou se os músicos eram amadores ou profissionais. Hoje, porém, elas são praticamente sinônimos, diferenciando-se apenas pelo nome escolhido. No fim, a orquestra que admiramos hoje é o resultado de uma longa e rica evolução. Começou como um mero local para se tornar um conjunto sofisticado, provando que a arte tem um jeito único de se adaptar e perdurar através dos séculos.

  • 18.09.2025 09:24 TIAGO DE OLIVEIRA DIAS

    O texto denota a importância das palavras dentro de seus contexto histórico, sendo assim, a palavra orquestra que conhecemos hoje passou por algumas reformulações no decorrer da história que teve influêcia da cultura, época e local onde a palavra que apena designava uma área onde os músicos ficavam durante a Opera passa a ser o termo usado para designar o próprio corpo musical como um conjunto único, muito legal essa informação do texto!

  • 17.09.2025 22:24 Paulo Octávio Silva de Alvim

    Texto excelente! É surpreendente perceber como a palavra “orquestra” possui uma trajetória tão rica e distante do que conhecemos atualmente. Originalmente associada a um espaço de dança na Grécia Antiga, ela foi se transformando ao longo dos séculos até designar o conjunto de músicos que conhecemos hoje. Esse percurso mostra não apenas a evolução da música, mas também como a própria linguagem reflete mudanças culturais e históricas, preservando sempre sua ligação com a arte.

  • 17.09.2025 21:38 Marina Santana Esperidião

    Gostei muito da leitura, o artigo está claro e bem estruturado. Achei muito interessante ver como a palavra “orquestra” foi mudando de sentido ao longo da história. Não fazia ideia de que seu significado original não tinha nada a ver com músicos, mas se referia a um espaço físico, e que só séculos depois passou a designar os conjuntos instrumentais. Isso nos leva a refletir sobre como a música e a linguagem caminham juntas, transformando-se de acordo com o contexto social e cultural de cada época. O artigo também destaca bem como a música sempre esteve presente na nossa história e cultura, desempenhando papéis diferentes em cada momento. Foi uma leitura bastante enriquecedora.

  • 17.09.2025 21:22 Livia dos Santos Calizotti

    Primeiro queria parabenizar pelo texto, porque foi muito bem explicado e estruturado. Como sou estudante de ciências biológicas, confesso que minha visão sobre temas ligados à cultura costuma ser limitada, mas esse texto realmente chamou minha atenção e me esclareceu fatos sobre a orquestra. Eu não fazia ideia de que, na Grécia, a palavra orquestra não tinha nada a ver com um grupo de músicos, mas sim com o espaço físico do teatro. Enquanto isso, em Roma, essa palavra já tinha outro significado, que seria um espaço destinado às autoridades. Só no Renascimento que a orquestra volta a se associar a música, que de forma inicial os músicos ficavam escondidos e depois ficavam entre o público e o palco. Gostei dessa transformação, porque mostra como a linguagem acompanha as mudanças culturais e como um mesmo termo pode ganhar significados bem diferentes dependendo da época. Também achei interessante a diferenciação entre orquestra sinfônica e orquestra filarmônica, que embora tenham formações muito parecidas, carregam em seus nomes uma história ligada à origem e ao tipo de instituição que as mantém.

  • 17.09.2025 17:04 Rafaela Rodrigues Costa

    Texto bem informativo e relevante acerca do contexto histórico do surgimento da orquestra. É interessante ler como a orquestra que conhecemos atualmente surgiu e como as expressões musicais eram definidas em períodos passados e como seus significados evoluíram ao longo do tempo. Como inicialmente, na Grécia, o termo foi usado para se referir a um espaço circular destinado à dança, com acompanhamento de instrumentos musicais e posteriormente, na Itália, a palavra deixou de se referir ao coro e chegou a ser um local reservado às autoridades e altos dignitários romanos e no Renascimento houve a ressurgência da palavra orchestra para definir o teatro e a formação das primeiras óperas. O texto evidencia que a orquestra passou por transformações culturais, sociais, históricas e artísticas, se estabelecendo apenas séculos depois como a forma estruturada de corpo de instrumentistas que é conhecida atualmente, contribuindo para o aprendizado e entendimento sobre o assunto.

  • 10.09.2025 19:29 Daniela da Silveira Ribeiro

    Texto muito bem feito e esclarecedor! Nota-se uma evolução e transformação do termo "orquestra" ao longo do tempo, como por exemplo na Grécia Antiga que o termo não se referia a músicos, mas a um espaço físico, já na Roma a palavra passou a designar os lugares de destaque no teatro, reservados a autoridades, perdendo sua ligação direta com a música, no Renascimento a palavra voltou a se referir a música. Já no século XVII, o termo “orquestra” começou a ganhar o sentido de “conjunto instrumental" que é como conceituamos atualmente. Assim, de espaço físico, o conceito transformou-se em referência a um corpo organizado de músicos. Parabéns pelo texto e por trazer mais informação sobre o tema de forma simples e objetiva.

  • 10.09.2025 17:04 Amanda Marçal do Nascimento

    Parabéns por este artigo tão conciso e de grande impacto. Em um tempo em que muitos associam a "orquestra" apenas à sua grande formação sinfônica, seu texto realiza um importante trabalho de desmistificar e ajuda a aprimorar nossa escuta. ?Ao detalhar a composição da orquestra de cordas e da de câmara, o senhor não apenas lista instrumentos, mas abre uma janela para a grande variedade de sons e combinações que a música de concerto oferece. A leitura me fez refletir sobre a intenção do compositor ao escolher uma formação específica. A escolha por uma orquestra de cordas, por exemplo, não é uma limitação, mas uma decisão estética que busca uma unidade sonora e uma expressividade que talvez não fossem as mesmas em um conjunto maior. ?Este artigo é um excelente lembrete de que a grandiosidade na música não está apenas na escala, mas na riqueza de possibilidades que cada formação pode explorar. ?Esse artigo foi um ótimo ponto de partida para aprofundarmos nosso entendimento nas aulas. Amanda Marçal do Nascimento Matrícula: 202404602

  • 05.09.2025 17:12 Pedro Schindler

    Nome: Pedro Schindler, matrícula 202202459 Muito bacana essa pesquisa sobre a origem da palavra orquestra. eu nunca ia imaginar que o nome veio do espaço físico, do "lugar pra dançar" no teatro grego, e não do grupo de músicos. faz todo o sentido quando a gente pensa que a música e a cena estavam sempre juntas. muito interessante também ver que não há um consenso exato de quando o termo passou a significar o conjunto de instrumentistas, se foi no final do século xvii ou só no comecinho do xviii. o exemplo do documento de bergamo de 1702 é bem claro, dá pra ver a mudança acontecendo ali. e a nota de rodapé sobre a diferença entre orquestra sinfônica e filarmônica foi ótima, matou uma curiosidade que eu tinha há tempos. no fim, é mais uma questão de nome e tradição do que de formação ou qualidade. agora fiquei na expectativa pro próximo texto, pra entender como essa galera tocando junto virou a orquestra que a gente conhece hoje.

  • 10.12.2024 20:26 Enzo Barreto Araújo

    É interessante pensar em como o tempo é capaz de transformar as pessoas, a sociedade e as relações sociais. Com a orquestra, não é diferente. O fato de o termo "orquestra" ter mudado de sentido diversas vezes ao longo da história apenas ressalta a força do tempo como um agente transformador. É ainda mais fascinante refletir sobre como esse termo modificou seu significado, mas ainda preserva resquícios do seu passado, capazes de revelar sua história. Também achei reveladora a diferença teórica entre sinfonia e filarmônica, além de intrigante a necessidade de existir essa distinção.

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