A Redação
Goiânia - O Laboratório de Análises Químicas da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) confirmou que o desabamento de uma montanha de lixo no lixão da empresa Ouro Verde, em Padre Bernardo, gerou contaminação de água superficial do córrego Santa Bárbara, atingido pelo desmoronamento.
O desabamento aconteceu na manhã de quarta-feira (18/6). A Semad tenta fechar o empreendimento há pelo menos cinco anos, mas a Justiça estadual e a federal desde então concedem decisões liminares que o autorizam a seguir em operação.
A primeira análise realizada pela Semad, com um equipamento chamado sonda multiparamétrica, identificou grande alteração na condutividade da água, na salinidade e na presença de sólidos totais dissolvidos (TDS). A detecção desses sólidos totais é um forte indicativo da presença de metais pesados, que são característicos do chorume. De modo geral, alguns metais pesados comuns em chorume são mercúrio, chumbo e cádmio, por exemplo.
A coleta de amostras aconteceu em três pontos do córrego: um antes do lixão (que os técnicos chamam de "a montante") e dois após o lixão (ou "a jusante"). No ponto anterior, os parâmetros encontrados estavam dentro do que regulamenta o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). Mas os dados coletados principalmente no primeiro ponto após o local do desabamento mostraram alta contaminação. No que diz respeito aos sólidos totais dissolvidos, por exemplo, o valor foi de 1.580 mg/L, enquanto o preconizado pelo Conama é de no máximo 500 mg/L.
O laboratório da Semad está usando as amostras para fazer uma investigação a respeito de ânions - como sulfato, nitrato, nitrito e fosfato - e de matéria orgânica total presente na água superficial. Em paralelo, trabalha na contratação de um laboratório externo que faça a descriminação dos metais pesados presentes.
Notificação da empresa
Na quinta-feira, a secretária Andréa Vulcanis vistoriou o trabalho da equipe da Semad no local. “A sensação aqui é de indignação. Seguimos com todas as medidas administrativas e judiciais para impedir que isso continue acontecendo”, afirmou.
O Estado determinou embargo cautelar que impede o lixão de continuar recebendo resíduos sólidos, e apreendeu cinco máquinas presentes no local. Também notificou a empresa, embora nenhum funcionário estivesse no local na quinta-feira após o desabamento, e estabeleceu prazo de dois dias para apresentação de um plano de recolhimento do material que deslocou, uma investigação de passivo e de áreas contaminadas.